lamber juntas nossas feridas

Há quase dois anos eu escrevi sobre o livro Ultraviolenta de Pilar Bu. Retorno para falar de seu novo trabalho, Bruxisma, publicado pela Editora Urutau. Domingo eu fui para a casa dos meus pais ouvindo o podcast You Must Remember This sobre a Theda Bara. Chegando lá, sentei com a Stella ao sol e li Bruxisma de uma tacada só. Sei que poesia a gente … Continue reading lamber juntas nossas feridas

só leio o que rasga a minha carne

Para mim ler sempre foi uma atividade solitária. Passar os dias curtos de inverno, nas férias de julho, com um livro da Agatha Christie e um cd do Placebo no discman. E era isso, minha experiência de leitura acabava ali quando eu fechava as páginas. Isso mudou com os anos, quando comecei um blog de Literatura e conheci pessoas que gostavam de ler. Uma das … Continue reading só leio o que rasga a minha carne

It’s like a movie screen

Minha mãe adora contar que viu Evil Dead quando estava grávida de mim. O primeiro filme que vi no cinema foi Lua de Cristal, sentada no chão, porque venderam mais entradas do que deviam (minha mãe que conta, eu obviamente não lembro). Inclusive, eu amo cinema por causa da minha mãe. Toda sexta-feira ela alugava um monte de VHS e assim passávamos o fim de … Continue reading It’s like a movie screen

And like the cat I have nine times to die

Eu amo gatos há 22 anos. Era maio de 1996, tarde da noite, eu estava vendo filme com a minha mãe na sala de casa. Ouvimos um miado bem baixinho vindo da garagem. Era uma gatinha magra, de três cores, uma cabeça enorme e olhos esbugalhados. Ela iria apenas passar a noite e ser doada no dia seguinte. Ela viveu por 21 anos comigo, até … Continue reading And like the cat I have nine times to die

Minha cintura é testemunha do que faço para te agradar

Minha família toda é portuguesa, dos dois lados. Não tem uma mistura sequer para dar graça. Quando eu era criança eu não pensava nisso, no início da vida adulta veio um orgulho besta. Orgulho de que? Eu me pergunto hoje. É apenas um pedaço de terra habitado por gente. Florbela Espanca foi uma das primeiras poetas que eu realmente amei, a ponto de decorar trechos (“Eu … Continue reading Minha cintura é testemunha do que faço para te agradar

When the wolves howl their song and the whole earth is done

Você pode se sentir solitário em qualquer lugar, mas há um sabor particular na solidão quando se mora numa cidade grande, cercado por milhões de pessoas. (pág. 11) O Carnaval para mim é uma das épocas mais solitárias. Parece uma noite de sábado que dura quatro dias, em que há aquela pressão para ser feliz e estar rodeado de gente, se divertindo, obrigatoriamente. Estar em … Continue reading When the wolves howl their song and the whole earth is done

When she talks, I hear the revolution

Desde sempre eu vi, li e ouvi homens falando de mulheres. O disco Mer de Noms do A Perfect Circle, como sugere o título, tem músicas com nomes de mulheres (Judith é minha preferida). Também tem o Aégis do Theatre of Tragedy, com o mesmo conceito, todas as músicas com nomes de mulheres (Cassandra a preferida aqui). As duas bandas possuíam mulheres na formação, mas … Continue reading When she talks, I hear the revolution

Se apaixonar por um filme ruim

Esse texto foi escrito em um caderno, na madrugada do dia 14 de novembro Domingo eu fui ao cinema para ver Solaris do Tarkovski. Eu só tinha visto dois filmes dele, então estava curiosa para ver esse. Lembro de sentar na cadeira do cinema e pensar que fazia tempo que eu não tinha uma epifania com um filme, de ficar obcecada, criando teorias e buscando … Continue reading Se apaixonar por um filme ruim

You told me my name was the sea

Já falei aqui que poesia para mim é questão de identificação. Não renego regras e ordens acadêmicas (ou talvez sim), mas poesia para mim é algo que se sente. E digo mesmo tendo adorado fazer escansão de sílabas poéticas nos tempos tediosos de colégio. Demorei muito para sentir poesia, até encontrar as poetas suicidas e seus poemas doloridos. Gosto muito de como elas conseguiram transformar suas … Continue reading You told me my name was the sea