Tudo sobre o amor

Todos os dias eu digo que as pessoas deveriam ter blog, mas eu mesma ando desanimada com o meu. E a culpa é exclusivamente minha. Eu criei categorias, tipos de posts e agora me sinto amarrada a elas.

Sigo lendo As crônicas vampirescas, mas eu realmente preciso escrever sobre cada livro aqui? Sigo firme no Conforto Literário, mas e se eu não quis escrever sobre? Alguns livros mexem comigo e me fazem pensar em mil coisas. Outros passam batido, e eu não quero me sentir na obrigação de escrever sobre eles só porque eu disse que o faria.

Essa semana eu terminei de ler Tudo sobre o amor da bell hooks e não gostei. Enchi seis páginas de um caderno de reclamações de tudo que discordei dela. Pensei em escrever algo aqui, mas por quê? Um texto em que eu discordo de tudo é necessário? Eu sempre lembro de uma citação daquele filme Liberal Arts, em que a moça diz mais ou menos que é melhor falar das coisas que a gente gosta, que só falar do que odiamos é chato e pedante.

O fato é Tudo sobre o amor mexeu muito comigo, mesmo discordando do que a bell hooks escreveu, ele não sai da minha cabeça. Falei dele na terapia, falei dele com as pessoas, escrevi sobre ele. Ideias tão diferentes das minhas me fizeram repensar algumas coisas e ter certeza de outras.

Esse blog nasceu com o nome de Feminist Horror, e como sugere, eu falava de terror feito por mulheres. Do nada resolvi escrever sobre o filme da Mulher Maravilha. Quando me dei conta, estava escrevendo sobre livros de poesia e de como eu me identificava com eles. Foi quando mudei o nome para algo mais abrangente. Abandonei esse tipo de post. Até escrevi um esses tempos, mas não gostei do resultado. Agora me vejo desanimada com o blog, pela primeira vez desde sua criação, em 2016.

Pensei em escrever um texto dizendo que ia fazer uma pausa. Semana passada pensei que eu devia ver mais filmes brasileiros para continuar a minha série de posts. Eu odeio obrigações e não quero que o blog seja mais uma. Eu sou de fases com filmes. Passei pela fase cinéfila de boininha, fui para o terror anos 80 e agora estou no terror dirigido por mulheres. Tudo isso num espaço de um mês. A fase de cinema brasileiro logo volta, mas eu não quero apressar nada.

Escrevo esse post para dizer que eu vou parar com essa estrutura que eu mesma criei. Quero seguir falando de cinema, de literatura, de música e do que mais me der vontade, de uma forma mais pessoal. Sinto falta de ler blogs diarinho dos anos 2000 e sinto falta de escrever assim. Acho que vou deletar as categorias e acabar com as imposições. Talvez eu volte para falar do livro da bell hooks, talvez o debate do Leia Mulheres seja o suficiente. Talvez eu leia mais coisas dela e me apaixone por seu texto. Talvez eu queira escrever sobre e talvez eu não ache graça.

Enfim, o blog não é meu trabalho, não recebo nada por ele e decidi que não vou renovar o domínio. De que me serve um .com? Quero documentar e compartilhar as minhas ideias, conversar com as pessoas como fazíamos antes das redes sociais, de quando o fotolog estava decaindo e os scraps aumentavam.

Sempre fui feita de obsessões e gosto de saber as dos outros. Nesse momento estou viciada em perfis de instagram de diários, bullet journal, canetas tinteiro, letras bonitas, páginas e mais páginas de diários. Ah, adoro ver perfis de pessoas que estudam por conta própria determinado assunto. Eu adoro estudar, mas só de pensar em voltar para a sala de aula tenho pesadelos. Escrevi esse texto inteiro num caderno e vim passar a limpo aqui.

Tomo um chá, ouço a chuva lá fora e um dos meus gatos está aqui do lado tomando banho. Estou lendo Ciranda de pedra da Lygia Fagundes Telles e totalmente apaixonada.

4 thoughts on “Tudo sobre o amor

  1. engraçado porque eu ando muito pensativa e inquieta há um tempo, mais ou menos por esse caminho, querendo compartilhar coisas e fazer trocas… mas também com medo, criando N situações absurdas na cabeça…
    enfim, bem-vinda de volta (?) e que gostoso ler isso.
    faça o que der vontade. às vezes, a gente se preocupa demais a toa. fora que, independente de qualquer coisa, sempre teremos companhia- algo que eu tento trabalhar diariamente.

    gostei do texto e da ideia das não categorias. não pagar o domínio, acredito, vai tirar muito da pressão do fazer também.
    me senti muito nostálgica, voltei lá pra 2010’s – e um pouquinho antes -, quando eu descobri livros, escritores e ótimas trocas através dos blogs ❤️

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  2. Blog diarinho é o melhor tipo de blog! Aliás, nessa época em que ler blogs é raro até pra quem sempre amou (me acuso), não saber exatamente sobre o que fala um post em um blog que gosto me faz clicar no link com mais vontade do que quando sei sobre o que é. Espero que não desista de escrever por aqui, com ou sem categorias. 🙂

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  3. Nada como fazermos aquilo que gostamos, concordo em tudo com o que você falou. Quando vira obrigação a paixão morre.

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  4. Oi Mi,
    Faço parte desse movimento pró-blog também, queria muito que a galera voltasse a se encontrar nesse espaço.

    Pra mim o que funciona é falar de qualquer coisa que eu estiver com vontade de escrever naquele momento, e é isso que tenho feito, mesmo que com algumas pausas no meio haha
    Mas esse é o lance do blog né, documentar, compartilhar, conhecer, descobrir, revisitar. Sem regras, cobranças ou algoritmos, acho que é por isso que gostamos tanto daqui.

    Espero que se encontre por aqui novamente. Estarei te acompanhando 🙂
    Ah, a minha atual obsessão é assistir tiktok de pessoas que fazem artesanato com cerâmica fria, até comprei pra tentar fazer também :p

    Beijos,
    https://brenshelf.blogspot.com/

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