#desafioleiamulheres Novembro

Eu conheci a Fabrina como a maioria das pessoas se conhece hoje em dia: pela Internet. E essa é exatamente a frase que eu escolhi para escrever na orelha do livro dela de estreia, Sabendo que és minhas, que saiu esse ano pela Editora Jandaíra. Mas voltando ao nosso encontro, papo aqui e ali pela Internet até que nos conhecemos pessoalmente no final do ano passado. Deve completar um ano por agora, ou já completou.

Fomos juntas para um residência literária e destoamos ali. A gente é gorda, a gente não sorri o tempo todo, nosso senso de humor é meio bizarro e a gente não gosta dessa coisa de sagrado feminino. Fizemos piadas idiotas e ambas riram muito. Dividimos uma pizza e uma coca-cola. Boiamos em silêncio na piscina. Fizemos comentários que deixaram as pessoas desconfortáveis. Nós duas temos cabelos brancos e detestamos sermos chamadas de meninas. Somos mulheres, cansadas e exaustas.

Na época ela estava escrevendo o livro, ganhou prêmio e o caramba. Achei chique. Até que ela me chamou para cuidar da divulgação e para ser leitora crítica. Fui lendo conforme ela escrevia. Conhecendo a Fabrina, fui reconhecendo situações em cada uma daquelas linhas. Falei para mudar uma palavra aqui e ali. Li a versão final e escrevi a orelha do livro. Eu não sou uma pessoa que fala de qualidade literária, como vocês bem sabem, eu falo dos sentimentos que um livro desperta em mim. E isso está na orelha.

Ontem eu estava vendo o vídeo da Aline Aimee sobre esse livro e me deu um negócio estranho. Eu amo esse livro, eu acompanhei o crescimento dele, dei pitaco na capa, falei para quem enviar, falei para a Fabrina postar foto assim e assim. Eu sinto como se esse livro fosse um pouco meu, não no sentido de dividir autoria com a Fabrina, mas sim de me associar ao processo de criação dele. Ontem eu entendi o livro com distanciamento.

A Aline falou coisas super legais sobre ele, sobre maternidade, tretas familiares, Elena Ferrante. Tudo isso está no livro, e eu sei bem, já o li umas três vezes, mas ela falando parecia uma nova obra. E é isso, um livro quando sai vira vários. São vários entendimentos, várias visões. Falando nisso, levei esse livro para o meu pai e ele não quis terminar, disse que não estava entendendo. Aí me lembrei que minha avó, mãe dele, faleceu no dia 29 de dezembro de 2019. Ainda não fez um ano.

Ele não teve período de luto. No dia 30 fui visitá-lo, ele estava normal. Me contou coisas da minha vó, conversamos. Nesse dia eu tive uma intoxicação alimentar e desde então nunca mais tomei coca-cola. Então não vou mais dividir cocas-cola com a Fabrina, mas divido esse livro e quero que vocês o leiam.

Por isso eu o escolhi para a categoria “Autora brasileira contemporânea” do Desafio Leia Mulheres. Porque ela está aí com um livro publicado, está nas redes sociais, escreve no blog, na newsletter, sente as coisas e ama silêncio. Leiam a Fabrina.

Ah, esqueci de falar: a capa é da maravilhosa Eva Uviedo. Eu sou obcecada com coisas do mar, Fabrina também é. Acho que a Eva também.

Esqueci de outra coisa: você pode comprar o livro diretamente com ela. Só falar com ela aqui.

4 thoughts on “#desafioleiamulheres Novembro

  1. você me deu esse livro de presente e ontem eu comecei a lê-lo sozinha, apenas com a luz do abajour no escuro do meu quarto. ja comecei ele num ritmo lento, pois acho que o conteúdo ali merece ser apreciado vagarosamente, com atenção aos detalhes. mal cheguei ao segundo capítulo, ja me vejo com medo que as páginas logo acabem…
    estou sem palavras até agora pra te agradecer por esse presente ❤

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