Misery, de Stephen King

Algo inédito neste blog: eu falando de um escritor homem! Mas é um homem possível: Stephen King! O autor me acompanha desde meus 11 anos, quando li Carrie pela primeira vez. Passei a adolescência lendo os livros dele, até que o deixei de lado. Em 2014 a Suma relançou Misery com tradução de Elton Mesquita. Eu tinha recebido uma grana dessas de governo e achei que estava na hora de voltar para o conforto de King.

Esse livro deu origem ao filme Louca Obsessão com a maravilhosa Kathy Bates e sempre foi um dos meus preferidos. Amo filmes de psicopatas que se passam na neve (Oi, Fargo) e esse é dos melhores. Quando li o livro da primeira vez eu não curti tanto, mas relendo agora eu me dei conta de que o momento que era errado, não o livro. Minha estante está cheia de Kings não lidos, mas é tão bom retornar para os clássicos dele. Aproveitei para lê-lo junto com a minha amiga Alessandra e dessa vez amei.

Paul Sheldon é um escritor que fez fama com romances históricos carregados de cenas de sensuais. Cansado dessas obras, ele decide “matar” Misery, a protagonista da série. Ele se isola então para escrever um novo livro, com uma temática completamente diferente, e agora se sente melhor de escrever algo que ele considera literatura boa.

Voltando para Nova York, ele é surpreendido por uma tempestade, seu carro capota e ele fica bastante ferido no acidente. Para sua sorte (ou não), a enfermeira Annie Wilkes o resgata e cuida dele em sua própria casa. Aí vem a coincidência, Paul Sheldon é seu escritor preferido e ela é apaixonada pelos livros de Misery, inclusive, sua porca leva o nome da heroína.

O escritor acorda e nota que suas pernas estão destroçadas, e ele viciado num forte analgésico. Ele descobre que Annie era enfermeira e que há algo de estranho com ela. A situação piora de vez quando ela lê o último livro da saga de Misery, no qual ela morre e fica completamente fora de si de tanta raiva. Ela mantém Paul prisioneiro e quer que ele escreva um novo romance, trazendo Misery de volta à vida. E ele precisa fazer isso de forma convincente, sem truques sujos.

Sim, ele se torna uma espécie de Scheherazade, ele sabe que continuará vivo desde que siga escrevendo e entregue algo que Annie quer ler. Num dia que Annie havia saído de casa, Paul conseguiu se arrastar até a sala e encontrou um álbum de recortes. Resumindo: Annie é uma assassina extremamente perigosa.

Aqui um ponto que eu queria ressaltar. King, na maioria de seus livros, coloca um personagem alcoólatra. Paul Sheldon não é exatamente um, mas ele narra diversos momentos do passado em que estava bêbado e acordou ao lado de uma mulher que não sabia quem era. Ele estava alterado na noite do acidente, o que potencializou ainda mais a desgraça toda. O próprio King foi um alcoólatra por muitos anos e teve momentos horríveis ao longo da vida. Isso o marcou bastante e está sempre presente em sua escrita.

Em diversas passagens de Misery o personagem é gordofóbico e extremamente machista quando se refere à Annie. Não estou defendendo a enfermeira, apenas me incomodou muito ler certos pensamentos. Não que o King seja gordofóbico, mas seu personagem sim. No filme Paul Sheldon é retratado como uma vítima inocente, no livro você consegue sentir até que um pouco de raiva dele.

E eu amo como o King faz comentários nos seus livros sobre suas publicações anteriores. Neste há um cara indo tirar fotos das ruínas de um tal de Hotel Overlook. Acho incrível o cara ter tantas obras publicadas a ponto de conseguir se autoreferenciar.

Como eu disse, gostei bem mais do livro seis anos depois. É realmente difícil que eu não goste de algum dele, isso não aconteceu até o momento. Os que eu tinha gostado menos me ganharam na releitura. Com toda certeza ele é um dos meus autores preferidos, que me acompanha desde a infância e me dá uma sensação de conforto. Poucos conseguem fazer isso.

2 thoughts on “Misery, de Stephen King

  1. O filme é um clássico incrível e sua análise me encantou, aguçou minha vontade de voltar para a leitura desse escritor incomparável. Parabéns pela sua descrição incrível, como tudo que você escreve . Muito orgulho sempre .

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  2. As obras dele me fascinam, essa não deixa de me encantar , parabéns pela análise , por um momento eu tinha esquecido que esse livro era dele também.
    Aproveitando o momento de referências dentro da obra, no filme o nevoeiro o personagem principal está pintando o pistoleiro (dos livros “a torre negra”)… Nada haver com o seu texto, mas acho legal trazer isso

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