No final de 2018 eu e as Jus criamos o Desafio Leia Mulheres. Várias categorias, uma por mês, estimular a leitura de obras escritas por mulheres. O pessoal curtiu e fizemos um para 2020. Começamos o ano com uma HQ e eu li O Enterro das Minhas Ex, da Gauthier, publicado pela Nemo, com tradução de Fernando Scheibe.
Ano passado eu consegui completar o desafio, postei minhas leituras nos stories do Instagram. Nesse ano me deu saudade daquele diarinho de leitura que a gente fazia nos blogs no começo da década. Decidi comentar um pouco aqui sobre a escolha de cada mês. Não são resenhas, são impressões.
A obra de Gauthier não era minha primeira opção. Queria ler algo que já tivesse em casa, mas não resisti ao saldão da Martins Fontes e trouxe essa comigo. HQ biográfica é a que mais amo. Agradeço à minha amiga Jana por ter me presenteado com Maus lá nos idos de 2008. Foi graças a ela que me apaixonei por esse tipo de leitura. Fui para Persépolis, Ghost World (conheci primeiro o filme), biografias do Kerouac e do Johnny Cash, Azul é a cor mais quente (infinitamente melhor que o filme) e assim por diante.
Minha coisa favorita é o monstro era a primeira opção, mas ela me parece uma obra que demanda muito. Estou com uma pilha enorme de HQs emprestadas, mas todas escritas por homens. Ontem eu estava com sono, mas não queria dormir. Tentei me concentrar na leitura de A Falência, mas não deu. Li O Enterro das Minhas Ex de uma tacada só e doeu.
Como o nome sugere, Gauthier fala de suas primeiras experiências com mulheres, desde bem nova. Todas são cercadas de silêncio, do escondido e de muita lesbofobia, inclusive das próprias mulheres com quem ela se relaciona. Fiquei oscilando entre raiva pelo que elas fizeram a personagem passar e também as entendi. Imagine jovens se descobrindo lésbicas no final dos anos 80, começo dos 90.
Hoje as coisas parecem um pouco melhores. Cresci nos anos 90 e não me lembro de muitos gays ou lésbicas no meu convívio. Minha mãe tinha um amigo chamado Magno que era confeiteiro. Ele também lia a sorte dela nas cartas. Não era um tarô, era um baralho normal. Ele faleceu em decorrência da AIDS ainda nos anos 90. Lembrei de outra HQ que li, Pílulas Azuis. Lembro de ficar irritada que o autor só fala da proteção da camisinha contra a AIDS, como se não houvesse outro tipo de doença sexualmente transmissível.
Não sou lésbica, mas sou gorda. Fui uma jovem gorda e passei pelas primeiras experiências românticas de forma traumática. Ler essa HQ me trouxe lembranças. Fui dormir estranha, com um peso no peito. Prefiro quando esse peso é causado pela arte.
Quero ler mais HQs. Vou anotar as leituras separadamente dos outros gêneros literários. Ia dizer que quero chegar a 52 HQs lidas até dezembro, mas seria megalomaníaco da minha parte. Quero chegar a 100 filmes dirigidos por mulheres. Quero muitas coisas.
Peguei várias dicas de HQs aqui (gênero que pouco conheço), vou ficar acompanhando seu diário! 🙂
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Pretendo ler mais HQs e compartilhar aqui. Tb conheço pouco e quero mudar isso 🙂
Obrigada pela leitura!
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Olá!
Também queria ler mais HQs nesse ano. Uma colega está fazendo o desafio #365HQs, que consiste em ler uma por dia, algo ambicioso mas bem divertido. Estou amando os comentários diários dela sobre as leituras.
Eu não conhecia essa HQ, parece mesmo muito boa, essa questão da sexualidade em anos tão mornos. :~
Até mais. 🙂
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Mais uma dica de leitura que o Leia Mulheres, de um jeito ou de outro, me traz. Obrigada por compartilhar, Michelle. Vou tentar ficar acompanhando seu diário de leitura.
P.S.: Assim como você eu também quero muitas coisas. Que bom que somos ambiciosas 😉
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Oi, Iza
Fico feliz que vc acompanhe meu diarinho 🙂
E temos que ser ambiciosas, né?
Beijos
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Alguém tem que ser e acho que ninguém melhor que nós mulheres 😉
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