Desde 2010 eu anoto num caderno todos os filmes que vejo, então gosto muito da mudança de calendário justamente para recomeçar a lista. Sempre escolho com cuidado qual será o primeiro filme do ano. 2019 começou com Uma Canta, a Outra Não da Agnès Varda. Foi também no dia primeiro de janeiro que eu e a Manu colocamos no ar nosso projeto Cine Varda, focado nas mulheres do cinema. Mal sabíamos que 2019 também seria o ano que perderíamos nossa amada diretora. Tive a sorte de ver dois de seus filmes no cinema, Jacquot de Nantes, no qual ela narra a vida de seu marido Jacques Demy, e seu último trabalho, Varda by Agnès. Em 2020 quero mais filmes dela.

Outro filme que vi logo no comecinho do ano foi Projeto Flórida, que eu achei que seria qualquer coisa, mas acabei amando. Nunca dei muita atenção para o Willem Dafoe, mas ele está ótimo nesse filme. De 2012 a 2018 fui bem viciada em filmes de heróis, nesse ano foram poucos que vi, entre eles o maravilhoso Aquaman, no qual Dafoe também aparece. O que eu mais gostei nesse filme foi que ele não se levou a sério. Afinal, Nicole Kidman mãe do Jason Mamoa? Zero sentido, e eu adorei. Mal sabia que alguns meses depois eu estaria cara a cara com o Dafoe num debate no Ibirapuera. Ainda sobre heróis, vi Capitã Marvel, e ele não me emocionou tanto assim.
Uma vez escrevi um texto aqui sobre como uma comédia romântica me emocionou mais do que ver Tarkovski no cinema. Nesse ano vi O Sacrifício na telona e não foi um filme fácil, mas sempre bom ver o Erland Josephson. E devo confessar que novamente duas comédias mexeram mais comigo, Booksmart e Dumplin’. Falei de ambos os filmes lá no Cine Varda. Às vezes a gente só precisa de um filme aparentemente besta.
Vi grandes filmes no cinema: Na Época do Ragtime, Planeta Fantástico, Sonata de Outono e Asas do Desejo. Desde março eu moro mais perto do centro, então as idas ao cinema foram mais frequentes, ainda mais com a linda carteirinha de desconto do Sesc. Ah, quase me esqueço que vi Trash – Náusea Total, clássico de quando o Peter Jackson fazia bons filmes.
Todo ano eu tento fazer maratona de alguma franquia ruim de terror. Em 2019 eu escolhi Brinquedo Assassino. Eu gostaria de esquecer que o remake existe e focar em A Noiva de Chucky, que é um dos filmes que mais adoro nessa vida. Inclusive, foi por causa do filme original que entrei para a equipe do Necronomiconversa. Agora nesse final de ano me encontro cansada do rolê de terror, mas fazer parte desse podcast é algo que me enche de planos para o ano que vem.

No começo do ano eu estava empolgadíssima com o terror e aproveitei para fazer uma maratona de slashers. Vi pela primeira vez Acampamento Sinistro e fiquei apaixonada. Vi muita porcaria, claro, mas tive ótimas surpresas, como Messiah of Evil, dirigido por Gloria Katz e Willard Huyck.
O começo de 2019 foi bem produtivo em termos de cinema, não só pelos filmes em si. Em janeiro fui assistir Cafarnaum da Nadine Labaki e dei de cara com o Haddad no saguão. Conversei com ele e foi bem triste pensar que aquele homem não era nosso presidente. Se gostei do filme? Tenho minhas dúvidas, mas não vou esquecer tão cedo aquele dia. E ah, falando na Nadine, recomendo demais Caramelo.
Nesse ano também caí nas graças do Mubi (obrigada, Manu!). Tive acesso a filmes que eu há muito querida ver, entre eles The Dreamed Ones, com a minha amada Anja Plaschg (Soap&Skin). Foi por causa desse filme que conheci a escritora Ingeborg Bachmann, que será lançada aqui ano que vem pela Todavia.
O terror nos deu ótimos filmes em 2019, entre eles O Farol e Midsommar, que certamente entraram na lista dos melhores da vida. Foi justamente depois da exibição de O Farol que tive a oportunidade de ver o Dafoe ao vivo. Além de ser um ator maravilhoso, ele é um poço de simpatia, versátil e muito inteligente. Outro filme incrível deste ano foi Nós, do Jordan Peele. Eu simplesmente amo como ele tem reinventado o gênero. Queria um filme dele por ano. Como nem tudo são flores, eu detestei com todas as minhas forças o remake de Suspiria, nem minha amada Tilda Swinton salvou.

Alguns dias depois do meu aniversário eu assisti Lords of Chaos, do Jonas Akerlund, diretor que amo. O filme me impactou tanto que precisei escrever sobre ele. Nesse ano foram poucos os que mexeram comigo como esse. Fiquei pensando em filmes que me marcaram de uma forma obsessiva e lembrei de A Pele, Em Minha Pele, Secretária e As Regras da Atração. Quero rever os quatro muito em breve.
Não vi tanto cinema nacional como gostaria, mas 2019 foi imenso para o Brasil. Bacurau e A Vida Invisível também entraram para a lista de preferidos da vida. Me desespera um pouco pensar em todos os cortes que a cultura bem sofrendo, mas sempre bom lembrar que os tempos de crise trazem o melhor que pode existir da arte. Aqui incluo o curta Eugênia, da minha amiga Ingryd Rios. Que coisa boa é poder ver de perto essas criações.
O terror nacional também teve suas pérolas. O meu preferido é A Sombra do Pai da Gabriela Amaral Almeida, que coloco entre minhas diretoras do coração. Gostei, com ressalvas, de Morto Não Fala, mas como comentei no Necronomiconversa, é bem interessante ver um terror que se passa na periferia, ainda mais no bairro que nasci.
Eu vi dois filmes muito importantes nesse ano: Atlantique (Senegal, dirigido pela Mati Diop) e Rafiki (Quênia, dirigido pela Wanuri Kahiu). Fiquei apaixonada por ambos e ano que vem quero ver ainda mais filmes fora do eixo Estados Unidos/Europa.

Eu vi a Rita Azevedo Gomes bem de perto em São Paulo. Eu conheci o trabalho dela por causa da minha amiga Carol, quando ela me apresentou o filme A Vingança de uma Mulher. Frágil como o mundo talvez seja o dela que mais gosto. Vi no cinema A Portuguesa e não aproveitei como deveria, estava ansiosa e preocupada com uma situação besta. Mas eu amo o que a Rita faz na tela.
Revi Jovens Bruxas e Garota Infernal, ambos cresceram demais para mim. Às vezes fico com medo de rever certos filmes e eles perderem o brilho, mas aqui foram novos significados, acho que envelheceram bem. E eu aprendi a enxergar outras nuances, ainda bem. Também vi Destroyer, da mesma diretora de Garota Infernal. Ninguém dá muita moral para a Karyn Kusama, mas eu a amo. E amei ver a Nicole Kidman no papel de policial detonada, alcoólatra, cheia de traumas, imperfeita, papel esse que sempre coube aos homens.
Fico falando de terror e de filme “de arte”, mas não posso esquecer de John Wick. Revi os dois primeiros em casa, vi o novo no cinema. Como não amar Keanu Reeves? Também aproveitei para rever os Jurassic Park e é muito surreal pensar que Sam Neill tinha vindo de Possessão e Laura Dern de Lynch.
O melhor do ano? Parasita, claro. Eu dei quatro estrelas e meia no letterboxd, mas não consigo parar de pensar no filme, em todas as camadas que ele possui. Talvez em breve eu mude para cinco. Também devemos gravar um episódio sobre ele para o podcast. O filme merece. Aproveitei para rever O Hospedeiro e continua perfeito. Esse diretor não erra.
Ano que vem tem filme sobre a Shirley Jackson, com a Elisabeth Moss no papel principal. Acho que esse filme vai ser bom mesmo que seja ruim. Também tem uma nova adaptação de A Outra Volta do Parafuso, pelas mãos da Floria Sigismondi. Nesse não coloco tanta fé, mas estou ansiosa da mesma forma.

Vocês ainda compram DVDs? Eu compro muitos, e outra promessa para o ano que vem é ver tudo que eu tenho, escrever sobre, fazer especiais de diretoras no Cine Varda, tentar me animar a escrever sobre terror de novo e assim por diante. Ver filme é uma das coisas que eu mais amo nessa vida, escrever sobre vem logo depois. Quero compartilhar as minhas impressões e obsessões, quero ver filmes sozinha e acompanhada, quero marcar trechos da minha vida com cada filme que eu gosto.
Até 2020.
Karyn Kusama: amo! Gostei de tudo que vi dela.
E tentar ver todos os DVDs que temos em casa é uma boa resolução. Tenho muitos ainda para assistir. 🙂
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Vamos nos juntar para ver alguns juntas, MiG!
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