Pet Graveyard e o terror ruim

Pelos idos de 2012 eu trabalhava em casa e tinha uma vida social bem parada, então digamos que eu via muitos filmes. Claro que terror era – e ainda é – a prioridade. Eu via basicamente qualquer coisa que fosse lançada. Eu vi muito lixo, como era esperado. Desde que comecei a trabalhar fora a quantidade de filmes diminuiu bastante e eu tento escolher bem o que assistir. Neste ano eu não ando com vontade de ver nada que não seja terror, então vou sem muito critério. Já vi todos da franquia Brinquedo Assassino, fiz maratona de slashers e me dediquei a ver filmes do gênero dirigidos por mulheres.

Há algum tempo eu tinha visto por aí um pôster com um gato sphynx. O nome do filme? Pet Graveyard. E isso com o novo Cemitério Maldito prestes a ser lançado. Li muita reclamação de gente que viu esse achando que seria o novo. Esse era um caso clássico do “Obviamente isso aqui é ruim”, então fui assistir. E gostei! O filme não faz sentido, as atuações são péssimas, os diálogos são cafonas e o gato está ali apenas existindo e sendo lindo. Isso me fez pensar nessa coisa de terror como algo ruim, como subgênero e afins.

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Não vou entrar em uma discussão mais profunda, porque não é o caso. Ontem pela manhã eu fiz um curso sobre o ciclo Poe do Roger Corman. Foi falado de como ele recebia pouca grana para fazer os filmes, geralmente curtos, em preto e branco, e usando sobras de cenários. Para fazer O Solar Maldito ele pediu para a produtora uma grana maior, ele faria um filme colorido e mais bem feito. E foi um sucesso.

Fiquei pensando nesses filmes B, em Ed Wood e seu Plano 9 do Espaço Sideral e todas as porcarias dos anos 80 que hoje são consideradas cult. Ed Wood um dia foi considerado o pior diretor do mundo, e ele já teve até filme em sua homenagem. Tem um documentário ótimo chamado Midnight Movies que fala desses filmes toscos que passavam nas sessões de meia noite, das sessões duplas de SciFi e terror.

Perdemos isso de curtir filmes ruins? Eu só consigo pensar naqueles filmes de terror do começo dos anos 2000, com adolescentes, franquias enormes. Claro que era tudo uma porcaria, mas na época eu adorava talvez pela minha pouca idade e hoje penso neles com carinho pela nostalgia. Atualmente os filmes ruins são apenas ruins para mim, raramente gosto de algo, fiquei chata, acho tudo entediante. 

Amo terrir, What We do in the Shadows é um dos meus filmes preferidos de vampiros. Gosto dele no mesmo nível de O Corvo do Corman, com o Peter Lorre. Amo demais Bad Milo e gostei do primeiro Sharknado, até esgotarem a fórmula e o negócio ficar só cansativo. No curso ontem também foi falado de filmes que foram feitos para serem sérios, mas no fim das contas são ótimas comédias, até mais do que aqueles que têm a intenção de fazer rir.

whatwedo
What We do in the Shadows

Terminei Pet Graveyard pensando: “Eu gostei disso aqui”. E para minha surpresa, quando subiram os crédito eu vi que ele foi dirigido por uma mulher, a Rebecca Matthews. Numa rápida pesquisa, vi que ela tem 19 créditos como produtora, e está com quatro filmes em pré-produção. O roteiro é de Suzy Spade. Já debati em diversos meios a ausência de mulheres em cargos atrás das câmeras no terror, então fico muito feliz quando topo com um filme escrito e dirigido por elas!

E sobre o filme? Um cara descobre na internet que quando você faz um ritual e depois passa por uma experiência de quase morte, você entra em contato com algum ente querido que faleceu. Só que não é simples assim, você não engana a Morte e ela vem atrás de você. E o cemitério de animais do nome? Então, não tem. Basicamente, o cara e os amigos fazem o experimento num cemitério que tem um gato sphynx. E depois ele aparece para as pessoas. Parece uma bagunça, não é? Pois bem, é uma bagunça, mas daquelas divertidas. O filme é tão absurdo que eu me peguei de olhos vidrados.

Enquanto via esse filme eu pensei em The OA e principalmente no Linha Mortal. Lembram desse? Era um dos meus filmes preferidos de infância (sim, gostos estranhos). Li agora que Pet Graveyard é um remake não oficial dele.

Ver esse filme foi divertido porque eu vi que preciso relaxar. Claro que nesse dei a minha problematizada básica na exploração do corpo feminino, mas em apenas uma cena, e eu já devia estar acostumada, isso é basicamente um check list do terror. Lembro que no filme Always Shine há uma conversa entre duas amigas. Ambas são atrizes e estão falando de suas carreiras. Uma delas conseguiu um papel e a outra se mostra com inveja. Eis que ela fala “Mas é só um terror besta”.

Parece que o terror é feito a toque de caixa, sempre sai um atrás do outro. Para os fãs do gênero isso é uma delícia, pois toda semana tem novidade. Óbvio que eu sempre espero por mais um A Bruxa, ou um Hereditário, um Raw, ou um Corra!, e raramente isso vai acontecer, mas eu vou me divertindo como posso com meu gênero preferido.

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Corra!

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