A Quiet Place

Terror é meu gênero preferido desde que eu me entendo por gente. Tento ver de tudo um pouco, mas sempre acabo voltando para ele. Uma das coisas que eu mais amo na vida é me juntar com alguém, escolher o terror com pior avaliação da Netflix, pegar uma cerveja e dar risada. Mas de vez em quando eu quero ver algo mais sério. E terror dá pra ser sério, dá pra tratar de questões da realidade usando alguns elementos fantásticos, como é o caso de The Babadook e a maternidade.

Criei esse blog há quase dois anos com o intuito de falar de terror, mais especificamente do papel da mulher nesse gênero, mas acabei postando textos com outros temas. Hoje, após sair de uma sessão de A Quiet Place, pensei em voltar a escrever disso aqui.

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Neste ano estou vendo poucos filmes por conta da vida adulta. Vi dois de terror que curti bastante: Creep 2 e Verónica. Creep 2 é uma boa sequência, assim como o primeiro, não acho uma coisa muito primorosa, mas é bastante interessante. Já Verónica me surpreendeu positivamente. Do mesmo diretor do meu amado REC (que é um dos filmes que mais me assustou na vida!), ele tem uma premissa boa e mantém um clima tenso.

De uns tempos para cá o povo tem usado o termo Post Terror para definir esse terror inovador que tem sido feito (The Witch, It Follows, Get Out, Raw e afins), o que eu acho meio bizarro, visto que nas décadas de 60 e 70 já tínhamos coisas como Rosemary’s Baby e Don’t Look Now. Acho que A Quiet Place entra nessa categoria porque consegue usar elementos novos, mesmo com temáticas já batida.

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O cenário é pós-apocalíptico (senti a mesma vibe de It Comes At Night, outro que adoro, por conta do isolamento), e as pessoas precisam ficar em silêncio absoluto, senão são atacadas por criaturas. O silêncio em si é um ponto interessante, visto que a maioria dos filmes do gênero trabalha com gritos, com portas rangendo e etc. São poucos diálogos e a trama se sustenta nas ótimas atuações.

A vida da família segue uma tradição: a mãe cuida das tarefas de casa, enquanto o pai vai atrás de alimento e enfrenta perigos. Em dado momento a filha pede para acompanhá-lo em sua saída, mas ele diz que ela tem que cuidar da mãe, e leva o filho, mesmo ele deixando claro que não gostaria de sair. O pai quer “treinar” o filho para tomar conta da situação caso ele se ausente.

Há bastante foco na questão da proteção de uma família, os pais tentando ser responsáveis pelos filhos, mas numa das cenas mais tensas do filme as crianças se viram sozinhas. E no fim das contas, são as mulheres que controlam a situação e descobrem uma forma melhor de sobreviver.

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Stephen King escreveu em Dança Macabra essa relação do terror com os medos da sociedade, como os de temática satanista nos anos 70 pós-Charles Manson e filmes de ficção científica durante a corrida espacial. A Quiet Place retoma a questão do medo que “vem de fora” e como sobreviver em um novo ambiente hostil.

Ando bastante desinteressada pelo terror atual, são poucos que eu realmente acho bons, mas A Quiet Place conseguiu prender a minha atenção, me deixar sem ar, sentir a dor da personagem principal e ficar completamente satisfeita com o final. Agora a minha ansiedade está direcionada para Hereditary. Toni Collette é uma das atrizes que mais admiro, ainda mais nessa temática, vide o papel dela no incrível The Sixth Sense.

8 thoughts on “A Quiet Place

  1. Também gostei muito do filme. O silêncio é tão grande, que nos momentos mais tensos, eu percebi que eu prendia a respiração para não ser ouvida, como se eu mesma estivesse no filme!
    Altas expectativas com o filme chegando da Collette!

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  2. A sequência do parto me deixou muito tensa, sem perceber fiquei com os punhos cerrados.
    Posso dizer que gostei desse filme.

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