Hoje resolvi mudar um pouco a minha rotina e fui sozinha ao cinema. Cancelei um compromisso, estava na rua meio sem rumo e acabei indo ver Mulher Maravilha. Também mudando a rotina aqui do blog, decidi escrever sobre outras coisas. Claro que o foco sempre será o terror, mas pretendo ampliar um pouco mais as temáticas, afinal, não vivo apenas de um gênero.
Queria ter visto Mulher Maravilha no fim de semana de estreia, não deu. Fui adiando, adiando e hoje foi o dia. Eu não tinha lido muito sobre o filme, tinha acompanhado apenas impressões de amigos meus em redes sociais. Tentei não criar expectativa, mas devo dizer que saí um pouco frustrada. Explico: não desgostei do filme, mas também não morri de amores. Como esse é um blog pessoal, sem pretensões críticas, vou discorrer um pouco sobre os pontos que gostei e os que não.
Começando pelo lado bom, esse é um filme necessário. Depois de tantos filmes de homens heróis, é realmente mágico ver uma mulher forte protagonista, uma amazona, rainha de tudo. Eu não cresci lendo quadrinhos, meu primeiro contato com esse tipo de filme foi com Os Vingadores de 2012. Amei , passei a acompanhar tudo que saía da Marvel e da DC, e também comecei a ler alguns quadrinhos. Desde aquela bomba chamada Batman vs Superman eu aguardava por este filme, tinha esperanças nele.
Assim como o novo Ghostbusters, está sendo lindo acompanhar a reação de meninas novinhas que têm mulheres fortes nas quais se inspirarem. Quero mais e mais bugigangas do filme, camisetas, quero todo mundo falando da Mulher Maravilha porque é lindo ter uma mulher inspiradora nesse meio tão dominado por homens.
As cenas de batalha me encheram os olhos, quase chorei de tanta emoção vendo aquelas lutas, aqueles movimentos, a força da Diana e também de todas as amazonas. Aliás, Robin Wright é uma atriz maravilhosa e versátil, incrível nesse filme e em House of Cards. Ver essas mulheres lutando por elas mesmas me aqueceu o coração.
Mas aí começa o problema, o homem branco americano loirinho de olho claro. Diana cresceu numa ilha de mulheres, nunca tinha visto um homem na vida e o primeiro que ela encontra vira o amor eterno da vida dela? Ela passa poucos dias com ele e de repente ele é a motivação de tudo? Eu tenho uma preguiça bem grande desses relacionamentos heteronormativos de gente padrãozinha.
Claro que é um filme comercial, claro que ele é para alcançar o grande público. Como comentamos no Leia Mulheres sobre Outros jeitos de usar a boca da Rupi Kaur, certos textos e pontos são batidos para nós, mas para o grande público pode ser uma novidade, pode ser que uma coisinha vá mudar no pensamento das pessoas, e isso é muito válido.
Porém, em filmes como Estrelas além do tempo eu acho que o lado comercial é muito bem trabalhado. É um filme redondinho, didático até não poder mais, mas cumpre o seu papel. Em Mulher Maravilha eu acho que deixou um pouco a desejar. Colocam uma mulher forte pra caralho, com um cidadão sem graça e de repente a vida e as ambições dela estão abaixo dele.
Estou tentando não dar spoilers, pois os odeio, mas o final me deixou muito decepcionada. Discurso raso, brega e bastante machista. E não tenho críticas à Diana ser uma mulher delicada e romântica apesar de sua força física, mas homem ser a motivação de uma deusa amazona é demais pro meu coração. E aquele suvaquinho depilado dela, preguiça, né?
E um ponto mais do que positivo, Spud, quer dizer, Ewen Bremmer. Meu preferido de Trainspotting, e o único que se salvou na continuação, aparece aqui num papel ótimo. Gostei demais dele!
Resumindo: não é um filme ruim, é o melhor – de longe – que a DC já fez, mas para mim, Michelle, não causou grandes impactos. No entanto, eu o recomendo para todo mundo, é um filme muito válido para o grande público, para que aceitem que mulheres podem e devem ser heroínas.
Ah, esse filme foi dirigido pela Patty Jenkins. Se não me engano, essa é a primeira vez que uma mulher dirige um filme dessa temática. A diretora não tinha trabalhado em nenhum filme desde o lançamento de Monster (aquele em que a Charlize Theron interpreta a serial killer Aileen Wuornos) em 2003. Espero que essa seja uma porta aberta para que mais mulheres trabalhem nesses filmes.
Minhas colegas do Feito por Elas gravaram um programa sobre a filmografia de Patty Jenkins. Você pode ouvir aqui.
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