Até pouco tempo eu tinha certo preconceito com filmes brasileiros. Meu contato com eles tinha sido através de filmes bestas da Globo e, por pura ignorância, eu achava que todos seriam assim. Felizmente vi diversos que mudaram a minha visão, e agora estou sempre em busca de novidades, revisito filmes antigos e sempre procuro diretoras. Ano passado a minha grande descoberta foi Ana Carolina. Nós do Feito por Elas gravamos um podcast sobre três de seus filmes e me apaixonei pelo trabalho da diretora.
Também no ano passado comecei a pesquisar diretoras que fizessem filmes “diferentes”. Acabei conhecendo duas que gostei muito: Juliana Rojas e Anita Rocha da Silveira. Vi filmes de ambas no cinema e foram experiências muito gratificantes.
Sinfonia da Necrópole pode ser definido, de forma bem resumida, como um musical cantado em português que se passa no cemitério. E tem piadas com góticos, tem cenas de um karaokê ao som do clássico “Evidências”. Saí do cinema sem entender muito bem o que tinha acontecido ali, mas sabia que tinha gostado. Esse é o segundo longa de Juliana Rojas, escrito e dirigido por ela. Com esse filme ela ganhou o Prêmio de Crítica de melhor longa brasileiro no Festival de Gramado em 2014.
Trabalhar Cansa é o primeiro longa, esse realizado em parceria com Marco Dutra. A dupla também trabalhou junta em diversos curtas (a maioria disponível online), inclusive em Um Ramo, talvez meu preferido. Neste ano Juliana volta a parceria com Marco com o longa As Boas Maneiras.
Todo final de ano o CineSesc de São Paulo faz uma retrospectiva de filmes nacionais lançados no decorrer daquele ano. Em 2016 eu pude ver Mate-me por favor, filme de estreia da Anita Rocha da Silveira. Com o mesmo título do famoso livro sobre a cena punk, esse filme talvez seja o mais “diferente” que já vi em termos de cinema nacional.
Tento explicar o diferente: ele tem um enredo bem estruturado, trabalha bem a questão da adolescência, da morte, do medo, mas com um toque errr…diferente. Não gosto muito de comparar o trabalho de diretores, mas eu saí do cinema com a sensação de que eu tinha visto um filhote de David Lynch, com Sofia Coppola e Nicolas Winding Refn, e tudo isso ao som do funk carioca dos anos 90. E isso foi sensacional!
Ainda não vi seus curtas, mas pretendo corrigir esse erro o quanto antes. E aguardo ansiosa pelos seus novos trabalhos.
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