Tarde de um domingo quente. Eu estava na casa de um amigo, cuidando dos gatinhos dele e numa preguiça infinita. Me indicaram o tal do “Hush” que estava no Netflix. Antes eu via qualquer filme de terror novo, depois de tanta porcaria, passei a ser mais cautelosa com as minhas escolhas, mas esse me foi muito bem recomendado.

O enredo é o “home invasion” mais clichê do universo: Maddie é uma escritora surda, que recém terminou um relacionamento e está sozinha em uma casa afastada, trabalhado em seu novo livro. Ela começa a receber fotos de si mesma, daquele momento, em seu celular e aí começa a tensão. Um homem mascarado tenta de todas as formas entrar na casa.

Clichê, como eu disse, mas muito bacana. A ação se mantém do começo ao fim, com boas sacadas. Não há um motivo explícito para o comportamento desse homem, o foco está todo em Maddie tentando se salvar. Um filme bem simples, mas com boas atuações e um enredo ok.

Após assistir a esse filme comecei a pensar em todos os filmes de “home invasion” que eu já tinha visto. Alguns dos mais famosos são “Ils“, “À l’intérieur” e “Funny Games“. Peguei esses três exemplos porque temos um casal, uma mulher e uma família sendo atacados, respectivamente. Em “Hush” e em diversos tantos, há sempre uma mulher a ser atacada, com ou sem motivos.

E filmes de “home invasion” em que um homem é atacado sem motivo? Não consigo pensar em nenhum filme minimamente parecido com “Hush”, mas com um homem protagonista. O terror sempre vende o papel da mulher indefesa, pelo menos de cara. Um homem sozinho não corre riscos, já uma mulher trabalhando sozinha está pedindo para sofrer algum tipo de violência.

Fico bem feliz quando vejo um bom filme de terror atual, mas ainda sinto falta de um enredo que fuja de clichês tão batidos quanto esse da mulher-sozinha-indefesa-não-tão-indefesa-assim.

Em tempo, o diretor de “Hush” é o mesmo de dois filmes bem bacanas: “Absentia” (vi após uma boa crítica na revista Fangoria) e “Oculus” (que foi bem criticado, mas eu achei decente).